HISTÓRIA DO INTERNATO DE S. JOÃO DE LISBOA
(ex-Asilo de S. João)
1862-1987
Editado em 5 de Outubro de 1992
Manuel Roque de Azevedo
INTRODUÇÃO
De 1975 a 1987 fizemos parte das sucessivas Direcções do Intemato de S. João, acompanhando os seus problemas e as suas realizações.
É com base nesta experiência, e num trabalho de pesquisa feito no arquivo, que resolvemos escrever esta breve história, pensando que ela poderá ser de alguma utilidade para os sócios e amigos da Instituição, bem como para os curiosos do passado.
Não pudemos, certamente por incapacidade própria, contribuir tanto quanto era nosso desejo, para levar a cabo profundas reformas dentro da lastituição, mas foi-nos grato conviver e trabalhar com pessoas de grande dedicação e humildade, tantas vezes caluniadas, de que destacamos o já falecido Dr. Henrique Corte Real, a quem aqui prestamos as nossas homenagens,
Lisboa, Abril de 1989
DAS ORIGENS DO ASILO S. JOÃO
O Asilo de S. João teve a sua origem na chamada “questão das irmãs da caridade” que agitou a sociedade portuguesa entre 1858 e 1862.
Vejamos quem eram então estas irmãs da caridade, como entraram em Portugal e as causas da questão.
Foi S. Vicente de Paula que no séc. XVII, em Paris, fundou uma associação de senhoras da alta aristocracia com o objectivo de prestar assistência a pobres e doentes. Com a colaboração de uma destas senhoras (a Mademoiselle Le Gras), esta associação começou a preparar raparigas para se dedicarem inteiramente a esta missão. Nascia assim a congregação religiosa das “filhas da caridade” ou “servas dos pobres”, como inicialmente era conhecida.
Esta obra espalhou-se rapidamente pela França e daqui passou a outros países. Entrou em Portugal pelo Decreto de 14 de Abril de 1819, assinado pelo Rei D. João VI, no Brasil, a pedido de muitas senhoras da nobreza. Foi assim criada a Congregação das Servas dos Pobres Enfermos, que seguia a regar de S. Vicente de Paula, e que foi instalada dois anos mais tarde, por decreto das Cortes Constituintes de 28 de Dezembro de 1821, no edificio do extinto hospício das Carmelitas Descalças do Ultramar, na Rua de Santa Marta.
Este instituto religioso que contava só com pessoal português tinha, porém, vida precária. Precária, assim podemos dizer, era aliás a situação das ordens religiosas em Portugal, desde que a Revolução de 1820 começara a abalar as estruturas da Igreja e o triunfo do Liberalismo tinha decretado a sua expulsão do país em diploma assinado em 30 de Maio de 1834 pelo Ministro da Justiça Joaquim António de Aguiar, popularmente conhecido pelo “Mata-frades”.
E embora, passado este período mais agudo do Liberalismo, as ordens religiosas, iludindo a lei das mais diversas maneiras contando com a cumplicidade de elementos reaccionários dos Governos, se tivessem de novo reinstalado no país, continuava a existir uma aguerrida consciência liberal que tinha os seus expoentes máximos em homens ligados à Maçonaria Portuguesa, como era o caso de José Estevão Coelho de Magalhães, que foi Grão-Mestre da Confederação Maçónica Portuguesa.
Ora aconteceu que nos anos de 1856 e 1857, durante o reinado de D. Pedro V, Portugal foi vítima de duas terríveis epidemias, a cólera-morbus e a febre amarela, que dizimaram parte significativa da população,
Em 1857 a Sociedade Protectora dos Órfãos Desvalidos solicitou ao Governo, presidido pelo Marques de Loulé, autorização para mandar vir de França, da Congregação de S. Vicente de Paula, algumas irmãs da caridade, a fim de se encarregarem do ensino e educação de crianças ficadas órfãs em consequência de cpidemias. Por alvarás de 9 de Fevereiro e 11 de Abril de 1857 o Governo autorizou que a dita Sociedade, bem como a Associação de Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, e a Ordem Terceira de S. Francisco, esta do Porto, pudessem admitir as irmãs da caridade francesas. No dia 23 de Outubro chegaram cinco a Lisboa, acompanhadas de dois padres, e logo a seguir tomaram conta do Colégio dos Cardeais de Jesus e do Asilo da Ajuda.
Este acontecimento alarmou a consciência liberal do País, e no dia 20 de Junho de 1858 publicava o jornal “O Português”, órgão do Partido Histórico, então no poder, um violento artigo contra as irmãs francesas, a quem contrapunha as irmãs portuguesas que, segundo o jornalista, eram pessoas “que não ouviam conselhos de padres fanáticos e não abusavam da sua missão santa de caridade para fazer prosélitos para o jesuitismo. Além disso, a introdução das irmãs da caridade francesas em Portugal representava uma tentativa contra as liberdades da igreja lusitana e um erro grave do Governo que as consinta e tolere, sem atender aos graves transtomos que da sua presença aqui podem provir no futuro para liberdade”.
Começava assim a chamada questão das irmãs da caridade a qual iria durar cerca de quatro anos, e cujos episódios mais importantes se resumen ao seguinte:
Uma campanha violenta, por vezes grosseira, movida pelos jomais “O PORTUGUės” e o “O ASMODEU” contra as irmãs da caridade, a qual veio a extravasar para a rua, chegando algumas irmãs a ser apedrejadas no dia 1 de Agosto de 1858, ao saírem da Igreja de S. Luís.
Esta animosidade e antipatia popular pelas irmãs da caridade, que perdurou até aos nossos dias, teve aqui a sua origem.
As dificuldades sentidas.pelos dois governos de Loulé, que se sucederam alternadamente neste espaço de tempo, para solucionar a questão, decretando medidas conciliatorias que não agradavam nem à oposição, favorável às irmãs, nem aos seus partidários, sobretudo à corrente liberal, contrária às irmãs,
O recrudescimento do anticlericalismo, como consequência da transladação da questão para a política, que levou à realização de comícios, de que o mais célebre foi o efectuado em 31 de Dezembro de 1858, e a que presidiu Alexandre Herculano.
A resistência das irmās francesas as medidas decretadas pelo Governo, recusando outra obediência que não fosse a do seu Superior Geral em França. Face a esta desobediência, o Governo, por portarias de 5 de Março e de 23 de Junho de 1861, chegou a decretar respectivamente a entrega do edificio da Rua de Santa Marta ao Estado, e a dissolução da congregação, mas as ordens não foram cumpridas, em parte devido às diligências do representante da França em Portugal, para quem as irmãs apelaram, e também porque entretanto falecia D. Pedro V, desviando as atenções do assunto.
A questão só foi solucionada com a subida ao trono do rei D. Luís. A pedido do Governo, o Rei solicitou à Imperatriz de França que, para tranquilidade do país e da coroa, se tornava urgente fazer sair de Portugal as irmãs francesas. O governo francês enviou então ao Tejo a fragata de guerra “Orenoque na qual embarcaram e regressaram à sua pátria, no dia 9 de Junho de 1862, as irmãs da caridade francesas.
Em toda esta questão o principal papel da oposição às irmãs francesas foi desempenhado por José Estevão. Foi ele que a pedido da Sociedade Patriótica levou a questão ao Parlamento, onde nas sessões de 9 e 10 de Julho de 1861 efectuou notáveis discursos como só ele sabia fazer.
Mas José Estevão não era só um homem dotado do dom da palavra, era também e sobretudo um homem de acção. Como ele disse um dia no Parlamento,
“os caracteres superiores e os superiores talentos são aqueles que têm perspicácia para conhecer a verdade, como força para propugnar por ela”.
Reúne então com os seus amigos e decide demonstrar que as mulheres portuguesas são tão boas educadoras como as francesas, que não são cá necessárias.
No dia 2 de Junho de 1862 é emitido o seguinte documento pelo Ministério do Reino, assinado por Anselmo José Braamcamp e que transcrevemos na íntegra:
“tendo subido ao conhecimento de Sua Majestade El-Rei o oferecimento feito pelos cidadãos José Estevão Coelho de Magalhães, António Maria de Sousa e Menezes, José Isidoro Viana, Francisco Maria Enea, José Maria Lobo d’Ávila, Gilberto António Rola, Inácio Januário da Silva Adelino e José Joaquim de Abreu Viana, de se encarregarem da educação e alimentação de vinte crianças das que se achavam recolhidas no Asilo dos Cardeais de Jesus, pedindo apenas do Governo o auxílio de uma casa e a quantia precisa para a mobília, manda o Mesmo Augusto Senhor comunicar aqueles cidadãos que aceita .o seu generoso e caritativo oferecimento pelo qual se tornam mui dignos de louvor e declara-lhes que nesta data se expede ordem ao Governador Civil de Lisboa para prontificar uma casa convenientemente mobilada, onde sejam recolhidas as crianças de que se encarregaram.”
Nascia assim o Asilo de S. João, mantido por uma Associação Protectora do Asilo, da qual faziam parte indivíduos, todos ligados à Maçonaria Portuguesa.
Na véspera da saída das irmás francesas, ou seja no dia 8 de Junho de 1862, o Asilo de S. João admitia as primeiras crianças. Registamos aqui, a título de curiosidade o nome da primeira. Chamava-se Carolina Augusta Monteiro, era natural de Aveiro onde nasceu a 28 de Junho de 1853. Provinha do Asilo de Santa Catarina, tendo estado anteriormente no Asilo dos Cardais.
No dia 30 de Outubro do mesmo ano reuniu a primeira Assembleia Geral e nela foi eleita a comissão directora e administrativa do Asilo, que tomou posse no dia 2 de Novembro.
A primeira Direcção do Asilo, constituída por sete membros efectivos e três suplentes, ficou assin constituída:
João Manuel Gonçalves – Presidente
Francisco Maria Machado
José Clemente de Faria
Augusto Kopke
Mariano Ghira
J.J. de Oliveira Machado
Joaquim Maria Baptista
António José Vieira
José Joaquim de Abreu Viana
Gonçalves Correia
Não foram fáceis os primeiros anos de vida do Asilo. Para além de haver toda uma estrutura organizativa a montar, que ia desde a angariação de fundos necessários ao recrutamento de empregadas, passando pela definição de uma política educativa para as crianças, a morte prematura de José Estevão, ocorrida em 3 de Novembro de 1862, muito deve ter contribuído para essas dificuldades. No relatório referente ao período de 1890-91 diz-se que
“o Asilo prevalecerá, depois de 29 anos de existência, a despeito de todos os esquecimentos e más vontades.”
Na sessão comemorativa do 1. Aniversário do Asilo de S. João, realizada em 24 de Junho de 1863, estiveram presentes o Ministro do Reino, deputados, o Secretário do Govemo Civil, redactores de diferentes jornais, e procedeu-se à inauguração do retrato do fundador José Estevão. Em todas as outras comemorações até à implantação da República não pôde o Asilo contar com a presença das autoridades oficiais que sempre se escusavam aos convites, com excepção de António Rodrigues Sampaio que, quando Ministro do Reino, sempre assistiu às festas de aniversário, e do Conselheiro Francisco Joaquim Ferreira do Amaral que esteve no Asilo er 1908 na qualidade de Presidente do Conselho e Ministro do Reino, numa manifestação homenagem a José Estevão, de quem fora discípulo na Escola Politécnica.
DO FUNDADOR
O artigo 2. dos primeiros estatutos do Asilo de S. João diz que
“é considerado fundador principal o falecido cidadão José Estevão Coelho de Magalhães. Nesta qualidade e em memória das suas virtudes cívicas, o retrato do ilustre finado ocupará o lugar de honra na sala do Asilo em que a Direcção celebrar as suas sessões”.
O retrato a óleo, obra do artista José Machado Correia dos Santos, foi oferecido ao Asilo em 1867.
Na realidade, nada mais justo do que personalizar em José Estevão a criação do Asilo. Foi ele que teve uma acção preponderante na chamada questão das irmãs da caridade, como vimos atrás, ele que desde Abril de 1862 era o Grão-Mestre da Confederação Maçónica Portuguesa, organização que forneceu os primeiros dirigentes do Asilo.
Não vamos aqui falar pormenorizadamente da vida e obra de José Estevão. Este trabalho já foi feito em 1962 por José Tengarrinha, em dois volumes editados pela Portugália, com o título “Obra Política de José Estevão”. Mais recentemente, em 1983, a Câmara Municipal de Aveiro reeditou os discursos parlamentares de José Estevão, com um estudo de Luís Magalhães.
Para informação dos sócios menos familiarizados com o estudo da história, vamos aqui apresentar resumidainente alguns traços da vida, carácter e da acção de José Estevão bem como uma síntese das ideias que exprimiu no Parlamento nos discursos que fez sobre a questão das irmãs da caridade.
José Estevão nasceu em Aveiro no dia 26 de Dezembro de 1809 e faleceu em Lisboa no dia 3 de Novembro de 1862.
Foi um lutador pela causa da Liberdade, e considerado o maior orador parlamentar português. A sua estátua, inaugurada no dia 4 de Maio de 1878 em frente ao Palácio de São Bento, retirada pelo regime de Salazar em 1934 e recolocada no mesmo sítio após o 25 de Abril de 1974, ali permanece como símbolo do parlamentarismo português.
Numa sessão do Parlamento, disse José Estevão:
“as discussões parlamentares importunam muitos dos meus colegas e asseveram-me que têm cansado o País; mas se as discussões não são a alma da liberdade, o silêncio é o percursor do absolutismo”.
José Estevão foi sempre um liberal, tomando parte em muitos movimentos de carácter militar, político ou de propaganda,
No campo militar, fez parte do Batalhão de Voluntários Académicos, organizado em Coimbra em 1828, para combater as tentativas de restauração absolutista de D. Miguel. Teve de emigrar para a Galiza, depois seguiu para Inglaterra, onde foi iniciado na Maçonaria, juntou-se aos resistentes da Ilha Terceira (Açores), e fez parte da expedição libertadora que desembarcou no Mindelo. No cerco do Porto notabiliza-se por feitos que The valeram a condecoração da Torre e Espada. Também tomou parte na batalha de Almoster, incorporado na expedição de Saldanha.
No campo político, José Estevão militou sempre na ala mais radical dos liberais. Apoiou a Revolução de Setembro, movimento dirigido por Passos Manuel em Setembro de 1836, que depois atacou por considerar ter-se desviado dos propósitos iniciais. Participou activamente no levantamento militar contra a ditadura de Costa Cabral em 1844, e leve a cabeça a prémio, Apoiou a Regeneração, que depois abandonou. Em 1848, sob influência da revolução republicana em França, formou com Oliveira Marreca e Rodrigues Sampaio um triunvirato para divulgação dos novos ideais, pelo que foi considerado um perigo público e teve de andar escondido durante quase um ano. .
No campo da propaganda, o seu nome aparece ligado à fundação do jornal “O Tempo” (1838), que constituía a ala esquerda do Setembrismo, à “Revolução de Setembro”, que se publicou de 1840 a 1892, e ao jomal “A Liberdade” (1861).
José Estevão foi deputado de 1837 até à sua morte em 1862, com excepção do período que vai de 1847 a 1851. Como orador parlamentar, não de distinguia pelo cuidado ou rigor formal dos seus discursos, ou pela profundidade do seu pensamento, mas sim pela forma como os pronunciava. O tom de voz, a imponência da sua figura e a expressão dos gestos causavam nos ouvintes uma impressão inesquecível.
José Estevão licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, sendo um aluno brilhante. Em 1840 foi nomeado lente da cadeira de Economia Política da Escola Politécnica de Lisboa. Mas a sua actividade política prevaleceu sempre sobre a sua actividade profissional,
Vejamos agora alguns extractos dos dois discursos sobre as irmãs da caridade que José Estevão pronunciou no Parlamento nas sessões de 9 e 10 de Julho de 1861.
“A questão das irmās da caridade é uma questão politica? Que me importa fazer das irmãs da caridade uma questão política? Não as têm feito os senhores ministros? Não estamos nós aqui para fazer questões políticas? Mas não quero fazer desta questão uma questão política. O meu fim nesta questão é, com a mão na consciência, coadjuvar este ou qualquer governo para a resolver, sem suspeitar da intenção dos meus adversários, aceitando os escrúpulos deles e tributando respeito e consideração a instituições que já não são desta época. (…)”.
“Sou pelo governo. Entendo que em todas as medidas que tomou, obrou segundo as leis do país. Sob o ponto de vista jurídico, as irmās da caridade foram legalmente expulsas pelo governo. (…)”.
“A questão principal nesta matéria é saber se as irmãs da caridade são uma instituição necessária, aceitável e sem perigos para a governação pública. (…)”.
“Esta é uma questão de ordens religiosas. Querem outra vez estas instituições que nós combatemos, e onde estavam os instigadores e conselheiros de uma tirania nefanda? Faz hoje, 9 de Julho, 29 anos que entraram em Portugal sete mil expatriados e perseguidos dessa tirania. Já se esqueceram? (…)”.
“Sou católico, porque meus pais e minha família eram católicos, e isso bastava para eu preferir esta a todas as religiões. Sou inimigo das irmās da caridade, porque as considero como um ataque ao princípio da família, Porque há de uma filha separar-se dos pais, para ir correr mundo a fazer a caridade? E para quê cenas como a daquela donzela que disse à mãe, não vos conheço, só pertenço a Deus? (…)”.
“Para que é esta organização como a de um grande exército, esta obediência às ordens dos superiores, estas marchas constantes para a América, da América para a África e da África para a Europa? (…)”.
“A caridade deve ser um sentimento de todos, não é necessária uma corporação especial para a caridade. A caridade deve ser invisível, não admite recompensa, nem galardão. A mulher das altas classes que vai junto do pobre, sem a sua família saber, é mais cristā, é mais senhora, é mais nobre que as irmãs da caridade. Temos a paróquia e a família. Associemo-nos todos para praticar a caridade. Para que é precisa uma instituição especial? (…)”.
“Diz-se, venham irmās da caridade francesas, porque já não há entre nós quem tenha caridade. Se estamos autorizados, pelo’ mau estado da organização da nossa beneficência pública, a mandar vir quem nos estabeleça no país os seus verdadeiros institutos e as suas verdadeiras práticas, também podemos, pela aplicação do mesmo principio, pedir a algum pais estrangeiro ministros que nos governem. (…)”.
“As irmās da caridade não são senão uma emanação do espírito jesuitico, um precedente para virem as ordens religiosas. E se nào, vejamos: – vieram as irmãs da caridade, e seis a oito dias depois já estavam a viver em comunidade. Vinham para os hospitais, e passados três dias já estavam nas escolas. Vinham só tantas quantas o governo determinasse. Creio que eram umas dezoito e pouco tempo depois vieram sete vezes dezoito. Foi-lhes mandado um alvará, desobedeceram. Deixem a casa, responderam, não. (…)”.
“Não quero o instituto das irmãs da caridade, nem como ele existe, nem mesmo como o governo o propõe no projecto que apresentou. Quero a organização da beneficência pública, por meios civis, e intervindo a autoridade civil. (…)”.
DOS SÓCIOS E AMIGOS DA INSTITUIÇÃO
Os primeiros estatutos classificavam os sócios em três categorias: ordinários, extraordinários e correspondentes. E definia-os assim:
1 – São sócios ordinários todos os fundadores que se reunirem e inscreverem por verdadeira caridade para satisfazerem os seguintes encargos:
Criação do Asilo de S. João;
Contribuição periódica para o sustentar, não inferior a 1$200 reis por ano;
Quotizações extraordinárias quando as exigir a Direcção;
Servir qualquer cargo na administração do Asilo, quando para tanto for eleito;
E todos os que se agregarem ou agregarem posteriormente a convite dos fundadores para “compartirem” iguais encargos aos destes;
Parágrafo Unico – Para ser admitido nesta classe exige-se proposta assinada por sete sócios já inscritos na mesma classe, apresentada à Direcção e por ela aprovada.
2 – São sócios extraordinários os que concorrerem com esmolas periódicas não inferiores a 1$200 reis por ano, sem que fiquem sujeitos a mais encargo algum;
3 – São sócios correspondentes os que, residindo fora da capital, promoverem donativos para o Asilo
Nos estatutos de 1914 mantêm-se as designações de sócios ordinários e extraordinários, desaparece a de sócio correspondente, que é substituída pela de sócio benemérito:
1)- O que individualmente fizer ao Asilo donativo não inferior a 100$;
2) – O que por vezes tiver feito donativos que somados sejam superiores a 200$;
3) – O que prestar serviços relevantes ao Asilo e seja proclamado pela Assembleia Geral como sócio desta classe,
Nos estatutos actuais (1984) consideram-se três categorias de sócios: efectivos, auxiliares e honorários:
Sócios efectivos são as pessoas que para tal sejam propostas por sete sócios efectivos, e se proponham colaborar nos fins da associação obrigando-se ao pagamento da jóia e quota mensal ou anual, por montantes fixados pela Assembleia Geral, e assumam a obrigação de exercer gratuitamente qualquer cargo para que sejam designados em Assembleia Geral;
Sócios auxiliares são as pessoas que contribuam com uma quota voluntária para auxílio ao Intemato;
Sócios honorários são as pessoas que, através de serviços ou donativos, dêem contribuição especialmente relevante para a realização dos fins da instituição, como tal reconhecida e aprovada pela Assembleia Geral.
Nem todos os Relatórios e Contas descriminam os sócios existentes por categorias. A maioria limita-se a fornecer um número global. Também não é possível agrupá-los por profissões, por falta de elementos.
Sete anos após a sua fundação, o Asilo contava com 345 sócios, indo o seu número progressivamente diminuindo até 1880. Com a avançar do republicanismo pelos finais do século, o número dos sócios foi aumentando, voltando depois a diminuir à medida que o Estado Novo se afirmava e consolidava. Referimo-nos aos sócios ordinários e efectivos. Em 1948 o Asilo contava com 3.391 sócios, dos quais apenas 664, isto é, menos de 20%, eram ordinários. Este aumento de sócios deveu-se sobretudo a uma iniciativa individual de alguns amigos do Asilo, entre os quais se contava Manuel do Rosário.
Mas as pessoas que mais se distinguiram na ajuda ao Asilo são as que têm o seu nome gravado nas placas que cobrem a fachada do edificio, e que aqui registamos, com os dados que conseguimos encontrar:
FRANCISCO DE BORJA FREIRE (1872) – Nada conseguimos apurar sobre a sua ajuda ao Asilo;
ISABEL MARIA ROMEIRO (1910) – Deixou ao Asilo o prédio da Rua Condes de Monsanto, à Praça da Figueira;
JOÃO JOSÉ PIRES (1917) — Proprietário e industrial, residente em Lisboa. Deixou a sua herança ao Asilo, que por sua vez a vendeu à usufrutuária Júlia Raul Cerqueira da Costa Pires, depois Júlia Raul Cerqueira da Costa Melo, por vinte e seis mil escudos;
MANUEL MENDES CONTREIRAS (1921) – Deixou ao Asilo 50.000$, que este aplicou em títulos;
ARTUR DA CONCEIÇÃO BARRETO (1925) – Deixou legado de 100.000s;
SEBASTIÃO DE MAGALHÃES LIMA (1928) – Deixou trinta e cinco contos em bilhetes do Tesouro, dois contos em dinheiro e várias acções de empresas particulares;
MARIA DA CONCEIÇÃO ROXO (1928) – Natural de Condeixa-a-Nova, terra onde viveu e jaz sepultada ao lado do seu filho Artur Barreto. Fez doação de 255.000$ em bilhetes do tesouro, de cujo rendimento era usufrutuária;
LUÍS ANTONIO MARQUES (1946) – Deixou o prédio na Avenida Sacadura Cabral, N.12 a 18 e Rua Capitão Ramires, 28, que depois foi vendido por demolição por 1.953.000$. Parte dessa importância foi convertida em certificados de renda perpétua e parte na ampliação de instalações;
MARIA ADELAIDE NAMURA (1946) – Deixou 9 acções do Banco de Portugal, com o valor nominal de 750$ cada, e mais 39 acções da Companhia das Águas de Lisboa, com o valor nominal de 100$ cada;
JOSÉ ANDRADE JÚNIOR (1946) – Deixou 100 acções da Companhia Portuguesa de Pesca, com o valor nominal de 280$ cada;
JOAQUINA MARGARIDA FERREIRA MARQUES (1946) – Era viúva do benernérito António Luis Ferreira Marques. Por sua morte o Asilo entrou na posse do prédio da Av. Sacadura Cabral. Deixou ao Asilo quatro títulos brasileiros que renderam 18.632$70;
FRANCISCO JOSÉ AFONSO (1946) – Deixou ao Asilo o prédio da Rua dos Castelinhos.
Remetemos o leitor para o capítulo que trata da parte económica e financeira, onde desenvolvemos um pouco mais este assunto.
DA SEDE
Quando se criou o Asilo de S. João, ficou o Governo Civil de Lisboa encarregado, como vimos atrás, de arranjar uma casa para esta instituição. Tal, porém, nunca se veio a verificar.
A primeira sede do Asilo de S. João foi na Rua dos Navegantes, 62, Palácio de Sarmento, uma casa alugada por cem mil reis de renda anual. Aí se instalou o Asilo no dia 2 de Julho de 1862, e é esta a data que hoje se comemora como sendo a data da fundação, embora o aniversário do Asilo se tenha festejado durante muito tempo no dia de S. João. Com a implantação da República o dia de S. João deixou de ser dia santo, e as sessões passaram então a efectuar-se a 2 de Julho.
Três anos depois, o senhorio rescindiu o contrato, e o Asito passou em 29 de Junho de 1865 para a rua da Barroca, em casa sem condições.
Em 1871 instalou-se finalmente na Travessa do Loureiro, N.-10, a Santa Marta, num prédio que era propriedade de Francisco Maria Machado, sócio fundador e inspector do Asilo. A casa também não tinha grandes condições. Sem água, nem esgotos, com iluminação ainda a azeite. Estava, porém, bem localizada, junto ao Passeio Público, onde se costumavam fazer festas a favor deste tipo de instituições, e tinha algum isolamento, necessário à privacidade das crianças.
O problema da sede foi um dor principais problemas que afligiu as direcções do Asilo. Em Julho de 1882, o Asilo pensava alugar uma casa no Largo da Piedade, em Cacilhas.
Com a morte de Francisco Maria Machado, o prédio da Travessa do Lourciro para para a inspectora do Asilo Isabel Maria Romeiro, a qual herda também os prédios contiguos da Travessa das Parreiras, N.-57 e 59. É então que com o consentimento desta benfeitora e em decisão aprovada pela Assembleia Geral de 7 de Junho de 1900, se efectuam obras de ampliação do Asilo, com demolição dos prédios da Travessa das Parreiras, e a constituição de um único prédio, com entrada pela Travessa do Loureiro, 8. E desde esta data até hoje ali tem sido a sede do Asilo. As obras custaram 6.499$721, tendo sido eritidas obrigações, sem juro, a amortizar em dez anos. Foi feito um contrato de arrendamento por 19 anos, e fixada a renda anual de 500 mil reis.
No dia 12 de Agosto de 1910 morre Isabel Maria Romeiro, que, para espanto de todos, não deixa ao Asilo o prédio da sede, mas sim, um outro na Rua da Betesga, fazendo esquina para a Praça da Figueira, cujo rendimento não cobria os encargos com o mesmo prédio. O edifício onde estava o Asilo fora deixado aos dois filhos de Berta Laura da Silva Ferreira, com usufruto a favor de José Maria dos Santos Ramos,
Voltava a colocar-se o problema da sede. As direcções ainda tentaram junto de Bernardino Machado e Afonso Costa conseguir um dos prédios das congregações religiosas extintas, mas nada conseguiram.
No dia 30 de Junho de 1919 caducava o prazo de arrendamento. Uma vez que os seus proprietários estavam dispostos a vendê-lo, dando preferência ao Asilo, foi aprovada na Assembleia Geral de 3 de Fevereiro de 1922 uma proposta de compra. O prédio foi adquirido por sessenta e oito contos, sendo também comprado o foro que sobre ele pesava.
Na reunião de direcção de 19 de Outubro de 1928 ainda se decidiu levar à próxima assembleia geral a proposta para nomeação de uma comissão de sócios ordinários encarregada do estudo da edificação de uma nova sede, a qual deveria ser composta por um delegado de cada secção do Grémio Lusitano. Algumas secções chegaram a indicar nomes, como o Eng. José de Jesus Pires da secção Liberdade, António da Encarnação Albuquerque da secção o Futuro e Diamantino Tojal da secção Rebeldia. Mas nada se concretizou, até porque poucos anos depois o próprio Grémio Lusitano iria ser extinto.
Entretanto foram-se efectuando obras de melhoramento. Em 1927 é um lavatório novo com 48 bacias; de 1942 a 1946 reformam-se as camaratas, organiza-se um gabinete clínico e uma enfermaria, melhora-se a cozinha e o refeitório, amplia-se o salão, tudo graças à iniciativa de um Grupo de Amigos do asilo de S. João, dirigido por Manuel do Rosário.
Em 1947 surge o palco, graças à firma João Alves de Matos, Lda., que deu um donativo de doze contos. Ainda em 1940, por portaria assinada por Duarte Pacheco, recebe o Asilo um subsídio para obras de conservação e limpeza do prédio. Em 1973 é a Subsecretária de Estado da Saúde e Assistência, Maria Teresa Lobo, que visita o Asilo, e entrega um subsídio para remodelação e modernização da cozinha. Em 1977 é a Fundação Gulbenkian que dá um subsídio para compartimentação das camaratas em quartos. De 1983 a 1984 o. Internato beneficia de um plano de ajuda governamental para remodelação das suas instalações. Forain gastos em obras e equipamento mais de quinze mil contos. Estas obras foram administradas directamente por funcionários da Segurança Social, não tendo o Internato qualquer intervenção no controlo e gestão das verbas. Mais recentemente foi o Arsenal do Alfeite, dirigido pelo Comandante Jorge da Silva Forte, que ofereceu um quadro eléctrico,
Como se vê, a questão da sede, ao contrário de outras instituições congéneres mais favorecidas pelo Estado, foi sempre um problema para as direcções, absorvendo muitos recursos e energias que poderiam ser canalizados para outros aspectos.
DOS ESTATUTOS E REGULAMENTOS
Os primeiros estatutos do Asilo de S João, mais precisamente da Associação Protectora do Asilo, foram discutidos na Assembleia Geral de 29 de Abril de 1867, e aprovados por carta de lei de 9 de Julho de 1867, assinada pelo Rei-regente D. Fernando II. Em Agosto do mesmo ano foi resolvido solicitar ao Ministro do Reino autorização para acrescentar ao título de Asilo de S. João as palavras “para a Infância Desvalida”.
De acordo com estes estatutos, o Asilo propunha-se os seguintes objectivos:
Prover à subsistência e ensino de crianças do sexo feminino, educando-as no verdadeiro amor de Deus e na moral pura do Evangelho, desenvolvendo-lhe o espírito, e criando enfim para a sociedade entes que lhe possam ser úteis;
Ministra às educandas instrução que compreenda elementos de doutrina cristã, ler, escrever, as quatro operações sobre inteiros e quebrados, sistema métrico e história nacional, e bem assim todos os trabalhos e prendas próprias do seu sexo (Art. 4.).
Anteriormente tinha-se elaborado um regulamento interno, que foi aprovado em 31 de Dezembro de 1864, e que tratava dos seguintes aspectos:
I – Da direcção e suas atribuições
II – Das atribuições dos inspectores e inspectoras
III – Das empregadas e serventes do estabelecimento (o corpo do pessoal era constituído por uma regente, uma mestra, uma criada e um criado
IV – Da admissão e saída das alunas (a idade de entrada era de 5 anos e a de saída aos 15. A admissão atendia às seguintes prioridades:
Filhas de sócios da Associação Protectora do Asilo; .
– Orfãs de pai e mãe;
Órfãs de mãe tendo pai impossibilitado de prover à sua subsistência;
– Orfãs de pai tendo a mãe nas mesmas circunstâncias,
V – Dos fornecimentos
VI – Da dispensa
VII – Do depósito
VIII – Da casa da rouparia
IX – Da aula e das obrigações da mestra
X – Das obras de costura
XI – Dos castigos e prémios (era expressamente proibida a aplicação de castigos corporais)
XII – Do feriados
XIII – Das doentes
XIV – Dos visitantes
XV – Visitas das famílias às alunas
XVI – Disposições gerais
Estes dois documentos constituem a base da organização do Asilo até à implantação da República.
Em 1912 foi nomeada uma comissão para rever os estatutos, a qual elaborou um projecto que foi tema de longa discussão. Foi discutido nas assembleias de 10, 21, 25 e 28 de Agosto de 1913, sendo os respectivos trabalhos ainda revistos nas assembleias de 16 de Março e 15 de Abril de 1914. Só depois o projecto foi submetido à aprovação da autoridade competente, e aprovado por alvará do Governador Civil de Lisboa de 12 de Novembro do mesmo ano.
A seguir se transcrevem alguns artigos:
Art. 2.- O Asilo de S. João, fundado em 2 de Julho de 1862 pelo grande liberal José Estevão Coelho de Magalhães com um grupo de amigos, continua a ser destinado a prover à subsistência e ensino de crianças órfãs do sexo feminino.
Art. 4. – 0 Asilo de S. João é uma instituição laica, e nesta conformidade é ministrado o ensino.
Parágrafo Unico – O cumprimento desta disposição não impede ao Asilo a aceitação de legados pios ou donativos com a obrigação de se representar em actos religiosos, contando que essa obrigação não importe o reconhecimento de qualquer culto.
Art. 5. – A instrução ministrada ds educandas será essencialmente prática e compreenderá:
I – Instrução literária
II- Trabalhos manuais e prendas próprias do sexo
III – Outros quaisquer trabalhos teóricos e práticos que habilitem para auferir honestamente os meios de subsistência
IV – O ensino profissional em harmonia com a idade das educandas e recursos de que o Asilo puder dispor para semelhante fim.
Em conformidade com os estatutos, foi aprovado na Assembleia Geral de 19 de Abril de 1915, presidida por Magalhães Lima, um regulamento interno que, na sua essência, mantinha o regulamento anterior, com as alterações que se indicam:
I – Da direcção e suas atribuições
II – Das atribuições dos inspectores e inspectoras e do Conselho Fiscal
III – Das empregadas e serventes do Asilo (o pessoal era constituído por uma regente, uma professora, uma professora ajudante, uma mestra de costura, corte e lavores, uma mestra ajudante, uma escriturária, uma cozinheira e um criado)
IV – Da admissão e saída das educandas (a idade foi alargada para os 17 anos)
V – Dos fornecimentos e sua arrecadação
VI – Das aulas (as educandas mais adiantadas podiam fazer trabalhos de costura ou outros semelhantes para fora do estabelecimento, revertendo o produto deles em favor da educanda produtora)
VII – Das doentes
VIII – Dos visitantes e das visitas às educandas
IX – Disposições finais
Estes documentos mantiveram-se até à actualidade, embora muitas das suas disposições tivessem caido em desuso. Na assembleia geral de 19 de Novembro de 1984 foram aprovados novos estatutos, em conformidade com as disposições legais decretadas pelo governo. Regulamento interno é que não se chegou a fazer.
Em 10 de Julho de 1957 ainda foi ventilada a hipótese de se alterar o nome de Asilo de S. João para Lar de José Estevão ou Casa de José Estevão. Mas a única alteração que se processou foi sugerida pela Direcção Geral de Assistência. Assim, por despacho ministerial de 20 de Janeiro de 1972, publicado no Diário de Governo, III Série, de 5 de Fevereiro, o Asilo de S. João passou a designar-se Internato de S. João, por se considerar que a palavra Asilo
“envohe significados que hoje são susceptíveis de suscitar nas crianças assistidas estigmas de ordem psicológica que lhes dificultem uma total integração social”.
A placa com a nova designação, oferecida pelo sócio José Joaquim Pascoal Gomes, foi descertada no dia 2 de Julho, no 110. Aniversário da instituição, pelo esposado Presidente da Assembleia Geral D. Estela Rebordão.
DA EDUCAÇÃO
O artigo 3. dos primeiros estatutos do Asilo dizia, como vimos atrás, que as crianças deviam ser educadas no
“verdadeiro amor de Deus e na moral pura do Evangelho, desenvolvendo-lhes o espírito e criando enfim para a sociedade entes que lhe possam ser úteis”,
A definição do que seria uma educação feita assim nunca chegou a precisar-se, mas entendia-se geralmente que as crianças deveriam ser educadas religiosamente, para não contrariar os desejos das famílias, mas sem “beatice nem hipocrisia”. As crianças seguiam as práticas religiosas de ouvir missa ao domingo, da comunhão e confissão, de rezarem orações no final das refeições e de receberem como prémios, pelo bom aproveitamento nos estudos, cruzes, medalhas e livros de missa. No Asilo existia mesmo uma capela, e um padre que assegurava o exercício da religião.
Esta situação começou a modificar-se a partir de 1906, sobretudo por pressão de algumas Lojas maçónicas, que não viam com bons olhos estarem a contribuir financeiramente para ajudar a fomentar uma educação deste tipo. Com o triunfo da República, a orientação laica impôs-se claramente e perdura até hoje. A instituição não ministra e não permite o ensino religioso, mas também não combate ou critica as tendências religiosas das suas educandas, sejam elas quais forem.
No campo educativo tomaram as direcções do Asilo duas medidas que podemos considerar revolucionárias para a época. Uma foi a proibição dos castigos corporais, uma prática corrente nos estabelecimentos educativos até aos finais da Segunda Guerra Mundial. A outra, a adopção da ginástica. As meninas do Asilo de S. João participavam em saraus públicos de ginástica promovidos pelo Real Ginásio Clube Português, isto em 1901, com grande escândalo de alguns sócios. No relatório de 1900/1901 escrevi-se a este propósito:
“Há quem nos critique, mas o nosso nome será mencionado gloriosamente na história futura desse complemento indispensável na educação, quando o reconhecimento da sua proficuidade entrar na compreensão de todos.
Mas a grande preocupação das sucessivas direcções que passaram pelo Asilo prendia-se com a integração futura destas crianças na sociedade. Logo no relatório de 1877/1878 se reconhecia que as crianças que saem do Asilo por volta dos 15 anos, sabem “escassamente ler, escrever, contar, cozer e bordar”, e vão alimentar o
“viveiro das imperfeitas criadas de servir, das costureiras e das bordadoras que morrem à fome por não ganharem salário suficiente”. E continuava instituamos cursos práticos que sirvam para formar boas criadas de servir, cabeleireiras e cozinheiras, costureiras sabendo cortar e fazer os mais diversos artigos de vestuário, modistas, desenhadoras, caixeiras com os necessários conhecimentos de contabilidade, compositoras de tipografia e telegrafistas. Utilize-se a ginástica para desenvolver fisicamente as crianças que disso tanto precisam”.
Mas diversos factores, entre os quais avultava a falta de recursos financeiros e de boas instalações, fizerarn com que o Asilo tivesse uma acção modesta neste capítulo. Embora com muita frustração sentida pelas sucessivas direcções. o Asilo limitou-se essencialmente a abrigar, sustentar e vestir durante anos consecutivos as pobres crianças de que tomava conta, a cuidar-lhes da saúde e a “robustecer a daquelas que quase todas nos chegam linfáticas, escrofulosas e anémicas” (relatório de 1880/1881) e a corrigir-lhes os vícios provenientes da farnília e da miséria.
Ao longo da história do Asilo. várias tentativas se fizeram para remodelar o ensino ministrado às crianças e adaptá-lo aos objectivos pretendidos. Mas a maior parte delas nunca se chegou a concretizar, ou teve vida efémera. A razão era sempre a mesma. Falta de recursos financeiros, e as boas vontades de alguns sócios não chegam. Destacam-se algumas iniciativas individuais.
o distinto professor Artur Alvaro Pereira de Sousa leccionava gratuitamente no Asilo um curso de . escrituração comercial, que depois não foi continuado nos anos seguintes porque o professor “ao principio por afazeres e depois por motivos políticos que embaraçaram a sua vida” deixou de o dar (relatório de 1909/1910).
Um dos planos mais conseguidos de organização pedagógica no Asilo deveu-se em 1928 a Ramon Nonato La Feria.
O plano constava de duas partes: Uma comum a todas as alunas que frequentam a Instrução Primária, e que abrange as disciplinas de instrução primária e lavores, canto coral e rudimentos de música, ginástica, puericultura, enfermagem rudimentar, serviços domésticos de roupa, limpezas e costura, cozinha simples à portuguesa e serviço de mesa, economia doméstica e higiene individual. Outra para grupos seleccionados de alunas, conforme as suas aptidões, e que tem por fim o o estudo de determinadas disciplinas que constituirão os cursos de empregadas de escritório, educadoras (preceptoras), enfermeiras e modistas, cursos estes com a duração de três anos e que serão frequentados por alunas que hajam obtido aprovação no exame de instrução primária.
Para execução deste plano foram admitidas professoras. O próprio Nonato La Feria dava aulas de enfermagern rudimentar.
DA PARTE ECONÓMICA E FINANCEIRA
Quando José Estevão e seu companheiros se lançaram na aventura de fundar o Asilo, partiram praticamente do nada. Não tinham instalações, não tinham dinheiro, não tinham pessoal, nem experiência. Tinham apenas um objectivo, demonstrar que a assistência não tinha fatalmente de estar nas mãos das irmãs da caridade. Faziam parte de um grupo social, a Maçonaria, e contavam com a solidariedade do povo português
A sobrevivência do Intemato S. João ao longo destes 125 anos é realmente uma demonstração de solidariedade humana.
Os primeiros estatutos diziam no seu artigo 36. que o número de crianças asiladas não poderia exceder as vinte, enquanto o Asilo não possuísse o capital de 40 contos de reis em fundos públicos, acrescentando o parágrafo único deste artigo que por cada dois contos de reis em fundos públicos que por compra ou donativo entrassem no Asilo, seria admitida mais uma criança.
As 20 crianças mantiveram-se até 1896, data em que subiram para 24, passando depois o seu número para 26 em 1900. Em 1910 as educandas já eram 35, passaram a 50 em 1922, a 60 em 1942, para atingirem o seu número mais elevado (76) em 1958. Depois o número foi diminuindo progressivamente, sendo 50 em 1972, e atingindo o número mais baixo (17) em 1982. Actualmente o Internato fixou em 25 o número de educandas, mantendo nesta base um contrato com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Naturalmente que numa instituição deste género, as despesas tendem a agigantar-se relativamente às receitas. Foi sempre grande preocupação das direcções procurar o equilíbrio financeiro sem depender do Estado.
Em 1865 as contas fecharam com uma receita total de 2,8 contos e uma despesa de 2,9 contos. Em 1987 as despesas e as receitas equilibraram-se na casa dos 12.000 contos anuais.
Analisemos agora sucintamente a proveniência das receitas e das despesas.
As recitas provêm da quotização dos sócios, de donativos e legados, da realização de festas e espectáculos públicos, de subsídios do Estado, de juros de títulos e rendas de prédios.
No capítulo dedicado aos sócios referimo-nos às suas diferentes espécies e à ‘evolução do seu número. A quotização dos sócios é importante, mas sempre insuficiente e incerta. Com o tempo, o valor da quota vai-se desactualizando. Em 1969, o Grande Oriente Lusitano passou a contribuir com uma mensalidade de 6.000 reis, assumindo os encargos para com o Asilo que eram suportados pelo Grande Oriente Português. Por essa altura, a regente do Asilo auferia um vencimento de 9.000 reis, e até à sua extinção em 1935 pagou sempre uma quota para o Asilo de S. João. A partir de Setembro de 1927 essa quota era de 300$00 por mês. A regente do Asilo ganhava 250$00. Também em 1909 o Grande Oriente Espanhol passou a subscrever uma quota para o Asilo de S. João.
Os donativos e legados é que constituíram a principal fonte de financiamento da instituição, estando na base do seu actual patrimonio, em títulos e em prédios de rendimento. Nos relatórios e contas anuais figura sempre uma relação dos donativos e legados recebidos. Fazemos aqui referência apenas a alguns a título de curiosidade.
Em primeiro lugar, as lojas maçônicas, Não contribuiam todas igualmente, mas a maioria, sobretudo as de Lisboa e algumas do estrangeiro faziam importantes donativos. A Loja Obreiros do Trabalho, por exemplo, por ocasião da festa de aniversário do Asilo efectuado no S. João de 1890 ofereceu um serviço de louça que ainda hoje ali se pode admirar. Nos relatórios de 1873 a 1877 há refcrência a donativos dados pelas Lojas espanholas Hijos de Hiram de Cadiz e Caridade e Fraternidade de Málaga. A Loja Cosmos de New Bedford foi considerada sócia benemérita do Asilo em 1921, assim como a Loja Liberdade, cujo elemento Luís de Melo e Ataide, ex-director, ofereceu títulos ao Asilo, instituindo o Prémio Gazul dos Santos. A Loja O Futuro, a que pertenceu Afonso Costa, enviava regularmente uma importância, com a qual se instituiu o Prémio 20 de Abril, dado à melhor aluna, em comemoração da data de publicação da Lei de Separação da Igreja do Estado. No relatório de 1910/11 refere-se que as instituições maçónicas concorreram para o Asilo com a importância de 1.866$430.
Em segundo lugar, e a título individual, referimos o donativo de 35 títulos de 10$000 de Bernardino Machado (relatório de 1904/5), o donativo de José Rodrigues Testa no valor de 6.000$000 (relatório de 1908/9), o donativo de 1.000$000 do sócio José Maria do Espírito Santo Silva (relatório de 1912/3), o donativo de 127 volumes, e cedência de parte da sua propriedade na Parede, para as educandas terem recreio, de José Nunes da Mata (1925). Em 1939 constituiu-se um grupo de Amigos do Asilo de S. João, tendo à frente Alexandre Ferreira, José Mayer, Manuel do Rosário e Marcos Pereira Ramalheira que fizeram obras na sede no valor de 24.222$10, com fundos que angariaram. Em 1962 Humberto Nunes Deslisle, antigo director do Asilo, legou 500 acções da Companhia Hidro-Eléctrica do Alto Alentejo.
Era também o Asilo beneficiário de outro tipo de ajuda. O Coliseu dos Recreios, no tempo de Ricardo Covões e seu filho Américo Covões, oferecia sempre entrada gratuita para os espectáculos às educandas do Asilo. Muita imprensa publicava gratuitamente noticias respeitantes ao Asilo (Jornal do Comércio, Gazeta de Portugal, Diário Popular e Revolução de Setembro). A Nestlé chegou a ser proclamada sócia benemérita do Asilo, o mesmo acontecendo ao Banco Nacional Ultramarino e à Câmara Municipal de Benguela. A companhia dos Telefones concedia desconto.
Desde a sua fundação até aos inicios de 1960, o Asilo contou com muita solidariedade de pessoas ligadas ao mundo dos negócios e das artes. A própria Associação Comercial de Lisboa pagava uma quota para o Asilo.
A realização de espectáculos públicos no Teatro de S. Carlos, no Teatro de D. Maria II, no Casino, ou de festas (“kermesses”, como se chamavam) no Passeio Público, nos jardins do Asilo, etc., constituíam também fonte de receita, embora por vezes pouco significativa, já que à receita de bilheteira era necessário deduzir o pagamento das despesas. Estas receitas serviam para atenuar a suspensão ou a pequenez dos subsídios concedidos pelo Estado, ou a retirada de beneficios pelos governos, quando pretendiam endireitar as suas finanças.
Os juros de títulos constituíam uma receita certa, mas também se desvalorizava com a inflação. Por vezes o Estado onerava-os com impostos, criando novas dificuldades financeiras a estas instituições.
Chegou a encarar-se a hipótese, logo em 1868, de o Asilo admitir pensionistas a pagar, mas esta ideia foi posta de parte pela maioria dos membros da direcção de então. Com o decorrer do tempo, esta posição foi-se tornando menos rígida, passando as educandas a contribuir com alguma coisa, de acordo com as suas possibilidades.
O Asilo viveu sempre carente de meios financeiros para ocorrer às despesas que tinha de suportar.
A alimentação das crianças era uma das principais preocupações. Não só porque os géneros nunca estão baratos, acentuando-se a sua carestia em períodos de crise provocada pela guerra e outros cataclisinos, como porque ela tem por vezes de ser cuidada. O relatório de 1865 refere, por exemplo, que as crianças
“comer carne seis dias na semana, porque é alimento que a higiene aconselha que se dê as crianças atacadas de moléstias escrofulosas, como o estão aqui quase todas as que vieram para este Asilo em 1862”.
O “Diário Popular” referia em 20 de Junho de 1945 que o Asilo de S. João lutava com un déficit mensal de quatro mil escudos e que não tinha fruta para as educandas.
Seguem-se as despesas com o pessoal que trabalha no Asilo e com o ensino das crianças. A falta de verbas levou a que muitos programas de ensino traçados no papel não tivessem concretização, e a que o pessoal recrutado nem sempre fosse o mais adequado, quer em número, quer em qualidade.
O arranjo de verbas para obras de conservação e reparação das instalações representava sempre um quebra-cabeças.
Façamos agora uma breve referência à história do patrimonio actual da instituição, o qual, para além dos papéis de crédito, é constituído pelos seguintes prédios:
Prédio da Travessa do Loureiro, 1. 8, em Lisboa – (A história deste prédio, que é a sede do Internato S. João, já foi contada no capítulo referente à sede, para onde remetemos o leitor). .
Prédio da Rua dos Condes de Monsanto, n. 4, em Lisboa – (Foi deixado ao Asilo por Isabel Maria Romeiro, tendo o Asilo dele tomado posse en 1914, com um encargo de cinco pensões vitalícias, o que na altura trazia prejuízo para a instituição. Já que o que o prédio rendia não cobria estes encargos – relatórios de 1913/14 e 1915/16. Hoje, apesar de velho, e a necessitar de muitas reparações, constitui uma das principais fontes de receita, devido aos arrendamentos comerciais entretanto efectuados,
Prédio da Rua Teófilo Braga, n. 7, na Parede – Este prédio é fruto quase exclusivamente da solidariedade maçónica. Custou 6.624$223, tendo as lojas maçónicas contribuído com 5.493$343. O valor total despendido, incluindo a construção e o mobiliário, foi, porém de 7.306$958.
A sua história conta-se assim:
Em 1902 José Nunes da Mata oferece o terreno para nele se construir um sanatorio ou casa onde as educandas do Asilo venham passar a época balnear;
O Asilo aceita o terreno, autorizado por Portaria de 9 de Agosto de 1902, lavrando a escritura de cedência do terreno em 30 de Janeiro de 1903;
Começam os peditórios para a construção;
Chega-se a solicitar que o Real Pinhal de Leiria forneça a madeira, mas o pedido é indeferido;
– Faz-se o projecto do edificio, que a Câmara de Cascais aprova, não como sanatório, como lhe foi
proposto, mas como “casa de verão”;
– No dia 18 de Maio de 1905, “aniversário da conferência de paz e arbitragem”, é lançada a primeira
pedra, aliás, três pedras dispostas em triângulo, uma correspondente ao meio da fachada da frente e as outras duas aos cunhais da fachada posterior;
Começa-se a construir e vai-se até ao primeiro andar, Mas de 1906 a 1908 as obras param. A conclusão custa 4.800$000 e a receita total com destino às obras está em 3.663$090;
Em Setembro de 1910 a casa está pronta a habitar, tendo recebido as educandas que ali. permaneceram até 3 de Novembro;
– Em Consequência do Plano de Urbanização da Costa do Sol (1949), a Câmara de Cascais suprime a rua para a qual o edificio tinha a sua frente.
Prédio da Rua do Recolhimento, n. 10, em Lisboa – Prédio 4o quintal, deixado ao Asilo por falecimento de António Narciso Sousa de Andrade. O Asilo so tomou posse dele após a morte da usufrutuária Augusta do Espírito Santo Alberto. No quintal existia uma árvore “Schinus Molle L” que por despacho publicado no Diário do Governo N.166, II Série, de 12 de Julho de 1945 foi classificada de interesse público.
Prédio da Rua dos Remédios, n. 52, em Lisboa – Foi deixado ao Asilo em 1930 por uma antiga educanda de nome Cecilia Maria de Almeida e Assunção, também conhecida por Cecília de Almeida Galhardo Quadros, com foro pertencente à Casa de Cadaval, que dele veio a prescindir em 1978.
Prédio da Rua dos Castelinhos, n. 4, em Lisboa – Foi deixado em testamento por Francisco José Afonso, O Asilo entrou na sua posse em finais de 1945.
Lista dos Presidentes da Assembleia Geral - ANEXO 1
José da Silva Mendes Leal Júnior ( ? – ?) a)
José Elias Garcia ( ? – ?) a)
Conde de Paraty (1877-1886)
Visconde de Ouguela (1893-1894)
Jesuíno Ezequiel Martins (1895-1896)
Bernardino Machado (1897-1911)
Sebastião de Magalhães Lima (1912-1928)
Norton de Matos (1929-1935)
Luís Gonçalves Rebordão (1945-1976)
Luís Ernani Dias Amado (1977-1980)
Carlos Emesto de Sá Cardoso (1981)
Armando Adão e Silva (1982-1985)
José Eduardo Simões Coimbra (1986-1987)
a) Não conseguimos apurar com exactidão quais os Presidentes e as datas em que exerceram o cargo no período compreendido entre a fundação e 1893.
Lista dos Presidentes da Direcção - ANEXO 2
João Manuel Gonçalves (1862-1864)
José Joaquim de Abreu Viana (1865-1866)
Conselheiro Tomás Bom (1867-1868)
Frederico Leão Cabreira (1868-1869)
Conde de Paraty (1870-1876)
Jaime Larcher (1877-1887)
Joaquim Salgueiro de Almeida (1888-1889)
José Isidoro Viana (1890-1893)
Eduardo Augusto Craveiro (1894)
Luís Augusto Ferreira de Castro (1895-1919)
Jorge de Araújo Regalo (1920-1921)
Luís de Melo e Ataíde (1922)
Joaquim António Teixeira (1923)
João Nascimento Santos (1923)
António Augusto Veiga e Sousa (1924)
José dos Santos (1925-1927)
Ramon Nonato de La Feria (1928-1929)
Inácio Pedro de Quintela Emauz (1930)
Marcelino Severiano Romano Navarro (1931-1940)
Artur Gonçalves Nunes Lisboa (1941-1944)
Abilio Quadros (1945-1947)
Alípio Gonçalves das Neves (1948-1949)
Horácio Ferreira Bastos (1950-1951)
Italo Ferrer dos Santos (1952)
Mário Loureiro (1953-1962)
José Alves da Cruz Ferreira (1963)
Luís de Barros Coutinho Garrido (1964-1967)
Henrique Corte Real (1968-1980)
Luis Simões Dias Cardoso do Vale (1981)
Humberto Augusto Lopes (1982)
Adozindo de Sousa Leite (1983-1985)
Jorge da Silva Forte (1985-1987)
Personalidades Ligadas ao Asilo - ANEXO 3
A Grande Enciclopédia Luso-Brasileira regista o nome de muitos indivíduos que se distinguiram na sociedade portuguesa do seu tempo, e que estiveram ligados ao Asilo de S. João. Eis o nome de alguns que · conseguimos descobrir, dispostos por ordem alfabética:
ALMEIDA, Joaquim Salgueiro de (?–?) – Médico, grande filantropo, natural do Rio de Janeiro. Foi Presidente da Direcção do Asilo;
AVILA, José Maria Lobo de (1817-1889) – Militar, deputado e diplomata. Foi sócio fundador do Asilo;
BATISTA, Joaquim Maria (1810-1876) – Autor de vários compêndios escolares. Foi membro da Comissão Directora e Administrativa do Asilo;
CABETE, Adelaide (1867-1935) – Médica e escritora. Foi inspectora do Asilo;
CABREIRA, Frederico Leão, 1, Visconde de Faro (1800-1880) – (Militar, deputado, governador e escritor. Foi Presidente da Direcção do Asilo;
CASTRO, José de (1868-1929) – Advogado. Foi director do Asilo;
COSTA, Henrique Luis Feijó da (1842-1864) – Aluno do Curso Superior de Letras, investigador e escritor. Foi grande amigo do Asilo;
COVÕES, Ricardo (1881-?) – Jornalista, deputado e empresário. Foi grande amigo do Asilo;
FERREIRA, José Dias (1887– ? ) – Funcionário Público, comandante dos bombeiros e escritor. Foi Director do Asilo;
FREIRE, Francisco de Borja (1790- ? ) – Gravador, funcionário da Casa da Moeda. Foi sócio benemérito do Asilo;
GARCIA, José Elias (1830-1891) – Militar, professor, jornalista e deputado. Foi Presidente da Assembleia Geral do Asilo;
GHIRA, Mariano (1827-1877) – Engenheiro hidrógrafo, lente da Escola Naval e deputado. Foi membro da Comissão Administrativa do Asilo;
GRAÍNHA, Manuel Borges (1862-1925) – Professor e escritor. Foi inspector do Asilo;
LEAL JÚNIOR, José da Silva Mendes (1818-1886) – Jornalista, deputado e ministro. Foi Presidente da Assembleia Geral do Asilo;
LEITE, Luís Filipe (1828-1898) – Professor e escritor. Foi director do Asilo;
LIMA, Sebastião de Magalhães (1850-1928) – Advogado, jornalista e escritor. Assembleia Geral do Asilo durante mais de quinze anos; Foi Presidente da Assembleia Geral do Asilo durante mais de quinze anos
MACHADO, Bernardino (1851-1944) – Professor catedrático, deputado, ministro, presidente do ministério, presidente da República e escritor. Foi Presidente da Assembleia Geral do Asilo durante doze anos;
MACIEIRA, Alberto (?-?) – Presidente da Associação Comercial de Lisboa de 1917 a 1922. Foi inspector do Asilo;
MAGALHÃES, Artur Ernesto de Santa Cruz (1864-1928) – Criador do Museu Rafael Bordalo Pinheiro e escritor. Foi sócio benemérito do Asilo;
MAGALHÃES, João Evangelista Pinto de (?-1939) – Militar e ministro. Foi director do Asilo;
MANTUA, Alfredo (1880-1944) – Maestro. Ensinou música ds educandas do Asilo;
MARQUES, Agostinlio Scsirando ( ? -1923) – Autor de trabalhos sobre as colónias. Foi do Conselho Fiscal do Asilo;
MATA, José Nunes da (1849-1945) – Professor da Escola Naval, autor de vasta bibliografia. Foi grande amigo do Asilo, que o considerou sócio benemérito;
MATA, José Filipe da (1853-1924) – Vereador da Câmara de Lisboa, deputado € senador. Foi director do Asilo;
MELO, José Pinheiro de (1842-1929) – Comerciante e escritor. Foi director do Asilo;
João Inácio Francisco de Paula de, 2. Conde de Paraty (1820-1884) – Militar, Par do Reino e Governador Civil de Lisboa. Foi Presidente da direcção do Asilo;
OLIVEIRA, Constâncio de (1863-1929) – Um dos mais distintos contabilistas do seu tempo. Pertenceu da Mesa da Assembleia Geral do Asilo;
PALHINHA, Rui Telcs (1871-?) – Professor e autor de vasta bibliografia. Foi inspector do Asilo;
PINHEIRO, António (1867-1943) – Actor e uma das mais ilustres figuras do seu tempo. Era sócio do Asilo;
QUEIROZ, Amílcar Fernandes de Barros (1896- ? ) – Autor dramático e publicista. Foi director do silo;
SALGADO, Heliodoro (1861-1906) – Jornalista. Era sócio do Asilo;
SAMPAIO, António Rodrigues (1806-1882) – Deputado e ministro. Grande amigo do Asilo;
SILVA, Inocêncio Francisco da (1810-1870) – Autor do célebre Dicionário Bibliográfico de Portugal. Deu uma ajuda na redacção dos primeiros Estatutos do Asilo; .
SILVA, José Maria do Espírito Santo (?-1915) – Esteve na origem da criação do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa. Era sócio do Asilo;
SILVA, Miguel António da (1813- ?) – Publicista e escritor. Foi director do Asilo;
VIANA, José Isidoro (1825-1902) – Médico. Foi fundador do Asilo;
ABREU, José Joaquini Abrcu (1812-1876) – Oficial do exército. Foi sócio fundador do Asilo;
Bibliografia - ANEXO 5
Livros de Actas da Direcção – Há algumas falhas no Arquivo. Não encontramos as actas referentes aos anos de 1884 a 1889, e de 17 de Abril de 1890 a 5 de Dezembro de 1892;
Relatórios e Contas – Não encontramos elementos referentes aos anos de 1.872 a 1876 e de 1903/1904;
Album de Recortes de Imprensa;
Relatórios Diários dos Directores de Serviço; – De 8 de Janeiro de 1865 a 31 de Julho de 1917;
Estatutos do Asilo de S. João para Infância Desvalida; – Lisboa, 1867. (Há uma reedição feita em 1905);
Estatutos do Asilo de S. João para Infância Desvalida; – Lisboa, 1915;
Estatutos do Internato de S. João – Lisboa, 1986;
Regulamento Interno do Asilo de S. João – Aprovado e mandado observar pela Associação Protectora do mesmo Asilo. Lisboa, 1865;
Regulamento Interno do Asilo de S. João para Infância Desvalida – Lisboa, 1915;
O Asilo de S. João – Monografia a apresentar ao X Congresso Internacional de Protecção à Infância, pelo Capitào Ventura Reimão, Director-Secretário. Lisboa, 1931.
LISTA DE CORRESPONDÊNCIA (MAÇONARIA - ASILO ) - ANEXO 6
Carta do Grémio Lusitano de 13 de Julho de 1911, remetendo ao Asilo fundos provenientes de terceiros;
Prancha da Loja a Sementeira, de 25 de Julho de 1911, manifestando o seu desgosto por a Direcção do Asilo não ter autorizado a incorporação das educandas na realização de uma festa que promoveu juntamente com outras Lojas;
Prancha da Loja José Estevão, de 31 de Agosto de 1911, solicitando a incorporação das meninas do Asilo numa manifestação de homenagem ao Dr. Afonso Costa;
Prancha da Loja Liberdade, de 8 de Janeiro de 1913, a remeter determinada importância;
Prancha da Loja A Luz do Norte, de 11 de Janeiro de 1914, a dar o seu contributo para a compra de uma máquina de escrever, e a desculpar-se por não poder dar mais, mas também têm um Asilo de S.. João (O Asilo de S. João do Porto, que ainda hoje existe, tinha as mesmas finalidades que o de Lisboa, só que as crianças que admitia eram do sexo masculino) e outras instituições para ajudar;
Prancha da Loja Acácia, de 14 de Janeiro de 1916, a agradecer a admissão de uma filha de um seu associado;
Prancha da Loja Liberdade e Justiça, de 30 de Janeiro de 1920, a remeter propostas de sócio;
Carta de Magalhães Lima, de 18 de Junho de 1918, a informar o Presidente da Direcção do Asilo de que talvez não possa comparecer à próxima sessão.